Telespectador envelhece, e sustenta telejornais sensacionalistas, mas SBT cresce entre público jovem

O telespectador da TV aberta está envelhecendo em ritmo acelerado, e virou um sustentáculo dos telejornais sensacionalistas. Em cinco anos, o número de pessoas mais velhas em frente à TV cresceu 8%. Na contramão, o SBT cresceu entre o público jovem.

Em março 2010, 29 de cada cem telespectadores tinham mais de 50 anos. No mês passado, 37 já tinha ultrapassado essa idade. Na outra ponta, não para de perder público jovem. Há cinco anos, 32% dos telespectadores tinham de 4 a 24 anos. Em 2015, eram apenas 24% nessa faixa etária. O público 25 a 49 anos manteve-se estável. Os dados são do Ibope, se referem a todo o mercado nacional e foram publicados pelo jornalista Daniel Castro.

O público com mais de 50 anos sustenta um tipo de programa que os críticos e educadores rejeitam: os telejornais policiais, tido como sensacionalistas. Das seis atrações mais vistas por senhores e senhoras, dois são telejornais sensacionalistas: o “Brasil Urgente”, comandado por José Luiz Datena, na Band, e o “Cidade Alerta”, apresentado por Marcelo Rezende, na Record. Na RedeTV!, três atrações – “Mega Senha”, “Luciana By Night” e “Operação de Risco” – têm mais da metade de sua audiência composta por pessoas com mais de 50 anos. No entanto, o programa mais assistido por pessoas de mais idade é o “Jornal da Band”. De cada cem telespectadores do principal telejornal da rede da família Saad, 59 têm mais de 50 anos.

Porém, a emissora que tem o público mais velho é a Record: 41% de seus telespectadores são maiores de 50. Em 2010, esse percentual era de 29%, e a Band era a TV com o público mais envelhecido. Além do “Cidade Alerta”, outros telejornais como o “Fala Brasil” e o “Jornal da Record”, e o “Programa da Tarde” estão entre as atrações mais assistidas por pessoas mais velhas.

O telespectador da Globo também envelheceu nos últimos cinco anos. A faixa dos maiores de 50 anos saltou de 29% em 2010 para 38%. O programa da emissora mais visto por esse público é um matinal exibido aos domingos, o “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”. Na sequência, aparecem o “Jornal Hoje”, “Bom Dia Brasil”, “Jornal Nacional” e “Globo Rural”.

Os dados também mostram que as pessoas com mais de 50 anos não gostam apenas de jornais sensacionalistas. Apreciam telejornais em geral. A novela mais vista por essa parcela da população é a das sete. Em seguida aparecem a das seis e a das nove.

Contramão

SBT investe em programação infanto-juvenil, e cresce entre esse público (Foto:Lourival Ribeiro/ SBT)

O SBT é a única rede que não viu seu público envelhecer nos últimos cinco anos. A participação dos que têm mais de 50 anos cresceu apenas dois pontos percentuais, de 24% para 26%. Crianças, adolescentes e jovens são mais representativos. De cada cem telespectadores do canal de Silvio Santos, 37 tinham de 4 a 24 anos em 2010. Hoje, eles são 36. Na faixa dos 12 aos 17 anos, subiram de 11% para 13%.

A maior incidência de crianças e jovens na audiência do SBT é justificável, pois foi a única emissora aberta comercial que manteve forte programação infantil, e investiu nesse nicho nos últimos anos, ao contrário de Globo e Record. Além de manter suas sessões de desenhos, a emissora de Silvio Santos também investiu em novelas infantis. O programa da rede com maior número de telespectadores com mais de 50 anos, é o de Raul Gil (39%). Mas está na mesma faixa do “Program da Sabrina” (Record) e do “Vídeo Show” (Globo).

Diferentemente das faixas etárias, não houve variações significativas por sexo e classes sociais, apesar do tão propalado crescimento da classe C.

Enquanto o público da TV aberta envelhece, o da TV paga rejuvenesce. Em 2010, 35 de cada cem telespectadores de TV por assinatura tinham mais de 50 anos e 28 estavam na faixa de 4 a 24 anos. Hoje, a proporção de pessoas com mais de 50 caiu para 24 para cada cem telespectadores. Já a de menores de 24 subiu para 33 a cada cem.

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